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quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Adaptação dos bebés e crianças à creche e jardim-de-infância

 

Estamos a aproximar-nos de Setembro: o mês que, por excelência, marca o início (ou re-início) das actividades escolares para muitos bebés e crianças. Este período de mudanças é, muitas vezes, difícil tanto para a criança como para a família.
 
Uma das preocupações centrais dos pais em relação à iniciação das creches e jardins-de-infância dos seus filhos é a adaptação, estando esta relacionada com a compatibilidade das características individuais da criança com as particularidades do contexto de cuidados em que está inserida. Neste sentido, poderá considerar-se que a adaptação tem início nos contactos iniciais dos pais com estas instituições, uma vez que as primeiras impressões que se criam vão influenciar o relacionamento com o novo ambiente (1).
 
Alguns estudos revelam a existência de factores que interferem na adaptação das crianças aos cuidados alternativos, tais como os sentimentos e reacções dos pais sobre o ingresso dos filhos na creche ou jardim-de-infância, a idade e o temperamento da criança e o tipo de relacionamento que este estabelece com os seus pais/educadores e ainda a qualidade do atendimento das instituições, devendo estas serem capazes de propiciar boas condições para um desenvolvimento integral e sadio das crianças.
 
Assim, como psicóloga, e tendo em conta estes factores, tomo a liberdade de fornecer algumas sugestões que poderão ajudar a criança e os pais a adaptarem-se de forma gradual a esta nova etapa da vida, diminuindo, consequentemente, a ansiedade de ambos.
É fundamental que os pais realizem uma reunião individual com a educadora antes do início do ano lectivo, para que possam conhecer melhor o adulto com quem a criança irá criar laços afectivos intensos.
 
Ao longo do período de adaptação, sugiro que se a criança tiver um objecto que a acompanhe sempre o leve também para a  creche, pois é designado por objecto de transição. Este objecto proporcionará autonomia e sentimentos de segurança, pois representa uma ligação ao meio familiar, será, de certa forma, considerado como um substituto das figuras parentais e será usado pela criança como suporte de conquista no seu contexto.
 
É importante também referir que a forma como a família e, em especial, a mãe, encara a entrada do filho para a creche exerce uma influência determinante sobre a reacção da criança, uma vez que a relação intensa entre eles faz com que muitas das emoções da mãe sejam percebidas e expressas no comportamento do filho. Por este motivo é essencial que a família conceba as creches e jardins-de-infância como uma alternativa plenamente viável para complementar a educação que a criança recebe em casa e que, perante esta situação, reaja o mais naturalmente possível (2).
 
Relembro ainda que o processo de adaptação não se resume aos primeiros dias: pode durar meses, dependendo da criança, das famílias e das instituições, e só se completará quando estes estiverem a interagir de forma integrada e descontraída nas creches e jardins-de-infância. Faltas muito frequentes ou irregularidades nos horários de entrada e saída dificultam este processo, bem como as segundas-feiras e o período de férias podem originar um retrocesso na adaptação.
 
Por fim, parece importante mencionar que uma abertura das instituições no sentido de estimular uma aproximação das famílias ao meio escolar é uma mais-valia, pois para além de promover uma maior comunicação e partilha de informação entre ambos, aumenta laços de confiança que permitem que pais e educadores funcionem como uma equipa que tem como objectivo proporcionar à criança um desenvolvimento saudável e feliz.

(1) Rapoport, A., Piccinini, C. (2001). Ingresso e adaptação de bebés e crianças pequenas às creche. Psicologia, Reflexão e Crítica, 14(1), pp. 81-95.
(2) Feldman, R. D., Olds, S. & Papalia, D. (2001). O mundo da criança. (8ª edição). Nova Iorque: McGraw-Hill.

Cláudia Pereira

Psicóloga
asas.gabinete@gmail.com 
tel. 919 247 417

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